Indígenas invadem fazendas na fronteira de MS

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Policiais do DOF continuam na área para evitar confronto. (Foto: Divulgação/DOF)
Policiais do DOF continuam na área para evitar confronto. (Foto: Divulgação/DOF)

A tensão entre indígenas e produtores rurais voltou a ser registrada em Mato Groso do Sul. Desde o último fim de semana, grupo de índios guarani kaiowá invadiu fazendas de Antônio João e desde então a situação é complicada na região. Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a situação já era prevista e o local era considerado uma “bomba relógio”.

Há 10 anos, em 2005, o Governo Federal homologou parte das propriedades rurais da cidade como terra indígena. A partir daí, houve série de cobranças por parte dos índios para que a área fosse demarcada, no entanto, nada foi feito pelo Governo Federal.

No último fim de semana, indígenas invadiram fazendas e até fizeram famílias de produtores reféns. O Departamento de Operações de Fronteira (DOF) foi acionado e está na região desde então.

Ontem (26), o clima ficou ainda mais tenso e produtores rurais bloquearam estradas que dão acesso à cidade em forma de protesto. As rodovias foram liberadas durante a noite.

Nesta quinta-feira (27), a situação é menos tensa na região, mas a invasão continua e policiais do DOF fazem a segurança da região para evitar confrontos entre indígenas e fazendeiros.

BOMBA RELÓGIO

Para o coordenador do Cimi em Mato Grosso do Sul, Flávio Machado, a tensão na região de Antônio João não é nova em razão da homologação das terras há 10 anos. “Mais de 1 mil indígenas vivem em uma área de menos de 100 hectares sem condição de subsistência. A União demorou para fazer as demarcações e indenizar os produtores e aquilo se transformou em uma bomba relógio que chegou no limite”, explica o coordenador.

Além das fazendas, há um distrito da cidade, chamado de Campestre, com aproximadamente 20 casas e que é ocupado por índios e não índios. Há sete anos, segundo o Cimi, há um acordo entre os grupos para que os não índios deixassem as residências, tendo em vista o local também se tratar de terra indígena.

De acordo com o Flavio, as famílias, formadas em maioria por pequenos produtores, não cumpriram o acordo e nos últimos dias as casas também foram invadidas. “Diante da tensão algumas famílias saíram e outras foram retiradas”, disse o coordenador.

SOLUÇÃO

Para a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), a única solução para o problema está em atitudes do Governo Federal. Uma última reunião sobre o assunto estava marcada para julho em Brasília, mas acabou sendo cancelada.

A reportagem tentou contato com o prefeito da cidade, Selso Lozano (PT) para mais informações sobre quais medidas serão tomadas para diminuir a tensão, mas nenhuma ligação foi atendida.

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