Forças vão se unir para combater crime em Ponta Porã

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Mesa que dirigiu os trabalhos reuniu autoridades brasileiras e paraguaias. Foto - Lucho Rocha
Mesa que dirigiu os trabalhos reuniu autoridades brasileiras e paraguaias. Foto – Lucho Rocha

Durante reunião do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM), ocorrida na tarde desta segunda-feira, dia 14, autoridades civis e militares de Ponta Porã e do Paraguai, juntamente com representantes da sociedade local, discutiram a questão da criminalidade na fronteira. Todos ressaltaram a importância do trabalho da Guarda Civil Municipal criada pelo prefeito Ludimar Novais (PPS), no sentido de apoiar as ações de segurança.

Ao abrir a reunião, o secretário municipal de Segurança Pública, Valério Azambuja, descreveu a função do GGIM e também falou sobre as atribuições da Guarda Municipal. “O Gabinete de Gestão Integrada Municipal foi criado com o objetivo de discutir as questões de segurança pública em Ponta Porã. Dentro dele não existia hierarquia, todos podem participar propondo ações”, disse.

Azambuja informou aos presentes que a reunião foi proposta para discutir três importantes temas. “Convidamos os senhores para que pudéssemos falar sobre a função da Guarda Civil Municipal; sobre o trabalho da Força Nacional de Segurança, porque ela não atua na área urbana; e por último sobre o aumento da criminalidade. Por que os crimes estão aumentando no nosso município?”, disse.

O secretário fez questão de destacar que a Guarda Municipal foi criada pelo prefeito Ludimar Novais buscando a proteção dos bens públicos e também para apoiar as ações policiais. “Olhem bem o que estou dizendo, apoiar, porque não pode a Guarda assumir atribuições que são da Polícia Militar e da Polícia Civil. Mas hoje temos sentido o clamor da população e o Governo Municipal está trabalhando para capacitar ainda mais os nossos 73 Guardas, tanto que no mês de agosto eles devem receber novo curso de capacitação para que possam trabalhar armado, já que as armas viabilizadas junto à Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado”, disse.

Segundo o secretário, o Governo Municipal não está parado, tanto que apenas neste mês de julho fez duas importantes solicitações. “No dia 2 questionamos o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini, sobre o motivo de a Força Nacional não atuar apoiando o 4º Batalhão de Polícia Militar. Depois, no dia 10, encaminhamos documento à secretária nacional de Segurança Pública (Senasp), Regina Miki, solicitando apoio para o 4º Batalhão de Ponta Porã”.

Logo depois foi a vez do tenente-coronel, Hélio Gauto Rios, comandante do 4º Batalhão se pronunciar. Ele disse o efetivo que conta atualmente é muito pequeno e por isso a deficiência no atendimento dos chamados da população. “Hoje atendemos além da área urbana de Ponta Porã, os municípios de Antônio João, Laguna Carapã, Aral Moreira e o Assentamento Itamarati. Mas não cabe ficar falando dos nossos problemas, acho que podemos relatar sobre as soluções que podemos apresentar para a população”.

Além da obrigação policiamento ostensivo e preventivo, o comandante da PM, disse que o efetivo precisa fazer inúmeras escoltas de presos que vão ao médico, ao dentista, ao fórum e ainda tem que garantir segurança em quatro presídios de Ponta Porã, sendo dois em regime fechado. “Se não temos o efetivo previsto na lei, para melhorar esse trabalho preventivo precisamos do apoio da Guarda Civil Municipal”, disse.

O Governo do Estado, disse Gauto Rios, vai enviar mais 80 homens para o 4º Batalhão. “Não é o número ideal que precisamos, mas vai ajudar muito”. O tenente-coronel disse que hoje o Departamento de Operações de Fronteira (DOF), que não possui sede em Ponta Porã, conta com efetivo maior em relação ao Batalhão. “Na verdade hoje não temos efetivos para abordagens. Nossa capacidade de agir está aquém da necessidade da comunidade”. Ele sugeriu a volta da Guarda Municipal no apoio no centro da cidade e pediu apoio da Força Nacional no policiamento urbano.

O presidente da Câmara Municipal, Agnaldo Miudinho, que participou da reunião juntamente com vários vereadores, disse que por inúmeras vezes a Câmara Municipal cobrou providências por parte do Governo do Estado. “Todo mundo percebe a falta de segurança, fizemos inúmeras audiências, que resultaram em poucas ações concretas. Hoje temos o telefone de emergência 190 sem funcionar, queremos colaborar, vamos arrumar outras linhas para que as pessoas ao procurarem sejam atendidas. Conversei com o comandante do 11º RCMec e ele nos disse que tem 800 homens super preparados e que poderia colocar nas ruas para fazer policiamento, mas para que isso aconteça é preciso autorização federal. Quero dizer que estamos atentos, estamos cobrando e que a participação de toda a sociedade é importante para que possamos pressionar os governos Estadual e Federal a fazerem os investimentos necessários”, disse Miudinho.

Eduardo Gaúna, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Ponta Porã (ACEPP), ressaltou a importância do comércio para o desenvolvimento local, estadual e nacional. “Hoje 69% dos impostos pagos no Brasil são oriundos do comércio. Nós estamos fazendo a nossa parte, agora o governo precisa fazer a dele. Recentemente furtaram uma motocicleta da Associação, então hoje as vítimas somos todos nós. Importante ressaltar também que mais de 40% das pessoas que compram em Ponta Porã são de nacionalidade paraguaia, por isso é importante o trabalho conjunto com as autoridades paraguaias”.

Representando a Polícia Civil, o delegado Március Cordeiro, disse que as policias não podem ser acusadas de omissões e nem falta de vontade. “A situação é precária, temos uma carência muito grande de pessoal, precisaríamos como polícia judiciária três vezes o número do efetivo que temos hoje. Temos 836 inquéritos esperando andamento, que precisam de atenção, mas precisamos de melhores condições. Somente neste ano foram 200 assaltos em Ponta Porã. Pelos municípios que já passei, sempre desenvolvi um trabalho eficiente e que deu bons resultados. Pode demorar, mas vamos apresentar os resultados que as pessoas esperam da nossa polícia”, destacou.

O novo comandante do pelotão da Força Nacional de Segurança em Ponta Porã, capitão Alan, disse que percebeu que a situação da segurança pública na fronteira é bastante complexa. “Eu estou chegando da cidade de Imperatriz, no Maranhão, e chegou a me impressionar a tamanha deficiência humana no 4º Batalhão. Onde eu atuei em Imperatriz que nem é fronteira, tínhamos um Batalhão da PM com 490 homens e imaginei que aqui fossem no mínimo 900”.

O oficial da Força Nacional disse que só precisa de uma autorização para atuar apoiando a Polícia Militar. “Hoje temos um efetivo de 40 homens e vamos receber nesta semana mais 22, totalizando 62 homens. Tendo uma portaria que autoriza o apoio, vamos trabalhar em conjunto com a PM e com a Guarda Municipal, com uma diferença, nós temos poder de polícia”. O comandante também deu sugestões para agilizar o atendimento das ocorrências em Ponta Porã.

O comandante da Polícia Nacional em Pedro Juan Caballero, comissário Mário Ortellado, agradeceu o convite para participar da reunião e disse que a segurança pública também é motivo de preocupação no lado paraguaio. “Temos um alto índice de roubos, são marginais que roubam no Brasil e atravessam a fronteira e outros que roubam no Paraguai e atravessam para o lado brasileiro”. Ele reforçou a importância da atuação conjunta para combater o crime tanto no Brasil quanto no Paraguai.

A mesa que dirigiu os trabalhos foi composta pelo secretário municipal de Segurança Pública, Valério Azambuja; pelo presidente da Câmara Municipal, Agnaldo Miudinho; comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Hélio Gauto Rios; pelo delegado de Polícia Civil, Március Cordeiro; Capitão Alan, comandante do pelotão da Força Nacional de Segurança; Eduardo Gaúna, presidente da ACEPP; Pedro Martinez, cônsul do Paraguai; e Mário Ortellado, comandante da Polícia Nacional em Pedro Juan Caballero. A pauta da reunião será enviada para a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública e também para a Secretaria Nacional de Segurança Pública.

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