Dourados enfrenta nova onda de calor

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Estação meteorológica da Embrapa Agropecuária Oeste. (Foto: Nilton Pires)
Estação meteorológica da Embrapa Agropecuária Oeste. (Foto: Nilton Pires)

Desde 15 de setembro de 2015, a população de Dourados e a região Sul de Mato Grosso do Sul vive um período com temperaturas extremamente altas, devido a uma onda de calor. Onda de calor é nome que se dá para uma sequência de dias com temperaturas máximas superiores a 33°C. Mas afinal, a ocorrência de ondas de calor é um fenômeno comum na região de Dourados ou ocorre apenas eventualmente? Examinando-se a base de dados meteorológicos de 37 anos da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), é possível verificar que desde junho de 1979, quando iniciaram as observações meteorológicas, houve na região de Dourados 19 ondas de calor com 12 ou mais dias de duração, sem contar com a atual (conforme tabela abaixo).

Início Fim Duração (dias) Temperatura máxima (°C)
08/11/1985 20/11/1985 13 dias 40,2
01/03/1990 17/03/1990 17 dias 37,0
04/10/1990 14/10/1990 11 dias 36,8
20/01/1992 01/02/1992 13 dias 36,2
22/08/1995 11/09/1995 17 dias 37,8
20/12/1997 06/01/1998 17 dias 37,4
17/01/1998 28/01/1998 12 dias 36,4
02/03/2002 19/03/2002 18 dias 36,0
03/04/2002 29/04/2002 27 dias 35,3
26/09/2002 11/10/2002 16 dias 38,5
25/01/2004 07/02/2004 14 dias 36.8
01/03/2005 13/03/2005 13 dias 37,8
05/04/2005 17/04/2005 13 dias 36,9
09/01/2006 25/01/2006 17 dias 38,3
25/03/2007 06/04/2007 13 dias 36,9
22/08/2010 03/09/2010 13 dias 36,1
03/03/2012 13/03/2012 11 dias 34,9
28/01/2014 11/02/2014 15 dias 37,9
08/10/2014 19/10/2014 12 dias 40,8

 

O ano de 2002 foi o de maior frequência, com três ocorrências. Também em 2002 houve a onda de calor mais extensa, com 27 dias de duração. Apesar de não ser a mais extensa, a onda de calor que ocorreu em outubro de 2014 foi uma das mais fortes que atingiu a região de Dourados. Naquela ocasião, a onda de calor teve duração de 12 dias e a temperatura máxima atingiu 40,8°C, em 17 de outubro de 2014, a maior temperatura registrada na estação da Embrapa Agropecuária Oeste desde 1979.

Assim,apesar das poucas ocorrências de ondas de calor nas décadas de 1980 (apenas uma) e 1990 (seis ondas de calor), e do aumento de sua frequência a partir de 2002, (12 ondas de calor nos últimos 14 anos) – a onda de calor que atingi Dourados desde a semana passada não foi a primeira, nem deverá ser a última.

Assim, apesar das poucas ocorrências de ondas de calor nas décadas de 1980 (apenas uma) e 1990 (seis ondas de calor), e do aumento de sua frequência a partir de 2002 (12 ondas nos últimos 14 anos) – a onda de calor que atinge Dourados desde a semana passada não foi a primeira, nem deverá ser a última.

No caso da agropecuária, área de atuação da Embrapa, os produtores rurais que adotam tecnologias, por meio de sistemas integrados de produção, têm chances de melhores resultados no campo (ambientais, econômicos e sociais) em períodos como esses, nos quais as temperaturas máximas são superiores à média usual para uma determinada época.

Entre outros fatores, ambientalmente, evita-se erosão, reduz a evapotranspiração, o número de pragas, plantas daninhas, doenças e, consequentemente, uso de agroquímicos, e aumenta-se a produção de grãos, fibras e energia. Economicamente, o aumento da produção possibilita a melhoria na geração de renda. E socialmente melhora a condição de vida do trabalhador rural, o preço e a qualidade dos alimentos que chegam à mesa do consumidor.

(Carlos Ricardo Fietz é Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste; Gabriela Moreira Ferreira é Graduanda de Engenharia Ambiental/UEMS)

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