Eles não se “desgrudam” há 34 anos e enfrentaram toda uma vida juntos, na alegria e na tristeza. Na manhã desta sexta-feira (15), Delair Arruda, de 48 anos, e Deoclides Lulu, de 61 anos, após cinco filhos e dez netos, resolveram oficializar o “namoro” mais que aprovado no ônibus do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que está realizando atendimentos na Caravana da Saúde durante sua passagem em Dourados.
Prático, Deoclides Lulu justifica que a preocupação em oficializar o casamento é para garantir o amparo à mulher, caso ele morra. Mas logo a praticidade dá lugar ao romatismo e ele confessa: “Eu não fico sem ela, pra falar a verdade”. A mulher, mostrando que as mais de três décadas não apagaram o primeiro amor, confirma, “a gente se gosta muito, se ama muito, passamos por dificuldades e lutas juntos. Se não nos amássemos, não estaríamos oficializando a união. Meu sonho é de também casar na igreja!”.
E se foi longa a espera para a formalização da união, os primeiros passos juntos foi justamente o contrário. Ela tinha 16 anos e ele 28 anos, em uma semana namoraram, dez dias já estavam noivos e ao completar 15 dias já estavam morando juntos.
Ao todo, a Justiça Itinerante já atendeu mais de 5 mil pessoas nas edições anteriores da Caravana. A maior procura é por casamento, 1542 no total, mas também há outros tipos de atendimento como 34 divórcios, duas dissoluções de união estável, 110 acordos, dois reconhecimentos de paternidade, orientações jurídicas, entre outros.
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Já Naiara Pereira, de 18 anos, e Kennedi Valdez, 20 anos, estão morando juntos há apenas oito meses e o amor só cresceu desde a adolescência. “Quando começamos a namorar ela tinha 14 e eu 15 anos, agora estamos morando juntos, construindo a nossa casa, formando uma nova família e queríamos oficializar tudo isso com o casamento no civil”, disse Kennedi Valdez, que não dispensou na gravata para o momento.
A família de Ana Toniazzo, de 28 anos, e Telmo Oliveira, 34 anos, também não economizou nas roupas para o momento. “Estamos há onze anos juntos e temos três meninos. Queríamos nos casar e quando soubemos da Caravana nos planejamos, pois é importante casarmos legalmente”, disseram.
70 atendimentos em 3 horas
Em apenas três horas de atendimento, o juiz da justiça itinerante de Campo Grande, Cezar Miozzo, contabilizou quase 70 atendimentos. “Nós fazemos tudo o que é possível fazer acordo, desde que venha as duas partes nós fazemos. Por exemplo, um casal que está separado de fato e quer vir se divorciar, nós fazemos o divórcio, se tem uma pensão alimentícia que quer regularizar, nós regularizamos. Mas o principal é o casamento das pessoas que já moram juntas”, explicou Miozzo.
O juiz acrescenta que o atendimento itinerante é uma forma da justiça se aproximar do cidadão, “ao invés do cidadão ir atrás da justiça, a justiça vai atrás do cidadão. Embora seja um evento mutirão – aqui temos dois ônibus que farão os atendimentos nos três dias – esse serviço itinerante existe no dia a dia aqui nos bairros de Dourados e de outras cidades”.
