No Seminário “O Protagonismo da Pessoa com Deficiência”, promovido pela Escola Judicial do TRT-MS (Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso do Sul), o diretor-regional do Senai, Jesner Escandolhero, apresentou as ações do PSAI (Programa Senai de Ações Inclusivas) e os trabalhos desenvolvidos pela instituição na profissionalização da pessoa com deficiência.
Segundo Jesner Escandolhero, o evento é um momento interessante para o Senai apresentar sua expertise na formação de pessoas com deficiência, seja essa deficiência qual for. “Além disso, é importante para demonstrar que embora exista muita boa vontade das instituições de formação e das instituições empregadoras, ainda existem alguns elos faltantes para conseguir oportunizar melhores funções, melhores ofertas para os deficientes que possuem algum tipo de qualificação”, declarou.
Ele acrescentou que o poder público tem de atuar nesses elos, mas não com multa, fiscalização, repressão, mas que tudo deve ser um diálogo aberto. “Hoje temos tecnologias, condições metodológicas de dar uma formação adequada às pessoas numa condição diferenciada possam ocupar vagas de profissionais considerados típicos dentro dos padrões que a sociedade estabelece hoje”, afirmou.
Ainda conforme o diretor-regional do Senai, hoje, cerca de 70% das instalações fixas ou móveis da instituição estão adaptadas para receber pessoas com deficiência e há um prazo de dois anos para a conclusão da acessibilidade em todas as instalações. De 2013 a agosto de 2017, o Senai de Mato Grosso do Sul qualificou 1.182 pessoas com algum tipo de deficiência, sendo que a média por ano é de 236 pessoas capacitadas por ano.
Justiça do Trabalho
Já a juíza do trabalho Déa Brandão Cubel Yule explicou que o tema sobre acessibilidade foi pensado desde o começo do ano. “A ideia do projeto é a conscientização e capacitação da pessoa com deficiência para tentar quebrar as barreiras. A deficiência, na verdade, é a interação da pessoa com deficiência e as barreiras físicas, arquitetônicas e atitudinais. Estamos aqui para trazer um trabalho de orientação e mostrar que a barreira não está na pessoa, mas nas atitudes”, declarou.
A sociedade tem de entender que é uma responsabilidade de todos nós tornar o ambiente acessível e sermos acessíveis para que essa pessoa possa ter autonomia e estar na sociedade com liberdade e igualdade de concorrência”, argumentou Déa Brandão Cubel Yule.
A juíza também destacou o trabalho do Senai na profissionalização da pessoa com deficiência. “O Senai tem um projeto muito bacana de profissionalização, com cartilhas, materiais com acessibilidade de comunicação visual e auditiva, tem formado pessoas com deficiência, tem feito parcerias com empresas para inclusão no mercado de trabalho. Por isso convidamos o Senai, para que ele pudesse apresentar essas boas práticas”, concluiu.
Alunos
Para a apresentação do PSAI, o diretor-regional convidou dois ex-alunos com deficiência certificados pelo Senai para darem um curto depoimento. O ex-aluno Carlos Luiz Stron, que é deficiente visual, contou que começou em 2015 o curso de eletricista predial. “Jamais havia trocado uma lâmpada, uma tomada e o curso, além de me capacitar, mexeu com a minha autoestima. Hoje me sinto útil para a mim e para a minha família e sei que sou capaz de trabalhar com algo tão perigoso”, declarou.
Já a ex-aluna Letícia Florêncio Grolli, que é deficiente auditiva, concluiu o curso de assistente de produção nesta quinta-feira (28/09) e comemorou a conquista. “Tive um pouco de receio de começar o curso, porque não tinha certeza de que teria intérprete, mas a medida em que fui frequentando o curso, tive uma intérprete todos os dias. Foi uma experiência ótima, muito gratificante. Já trabalho numa empresa e agora estou mais qualificada para exercer minha função lá”, finalizou.