Os produtores rurais de Mato Grosso do Sul vão perder de R$ 30 milhões a R$ 140 milhões por causa da estiagem. O prejuízo estimado pela Embrapa Gado de Corte leva em consideração o quanto os 4 milhões de cabeças de gado vão deixar de engordar devido a redução da forragem e sua qualidade. O montante vai depender de quantos dias a falta de chuva vai durar e terá grande impacto nos preços da carne bovina.
O difusor de tecnologia da Embrapa Gado de Corte, zootecnista Aroldo Pires de Queiroz afirma que ainda não é possível afirmar em quanto a seca vai impactar no preço da carne, mas com certeza isso irá acontecer. “Só quando as chuvas voltarem que vamos saber quanto tempo durou a estiagem e o total das perdas, mas é certo que a arroba ficará mais valorizada e o preço ao produtor mais caro”, diz.
A estiagem vai impactar principalmente na redução da oferta do gado de agora até o fim do ano, pois reduz a quantidade e a qualidade do pasto. “Devíamos estar na estação de monta, mas uma parte dos animais não vai entrar no cio, devido a falta de alimentos de qualidade. Isso acontece por que grande parte da nossa produção é criada a pasto”, comenta Aroldo. O que a longo prazo, vai afetar a produção de bezerros.
A diminuição da oferta de gado gordo já tem impactado na Balança Comercial do Estado. Em sembro a quantia de carne bovina exportada teve queda em 9,29% em relação a 2013, já em peso líquido a queda foi de 17,77%. A redução é sazonal e no ano as exportações refletem a valorização do produto brasileiro, acumulando alta de 19% no valor exportado e de 14,6% na quantidade.
Mais caro – Em um ano, o preço da arroba do boi à vista aumentou mais de 20%, segundo informações da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). De setembro de 2013 ao mesmo período de 2014, o preço médio pago pela arroba saltou de R$ 100,43 para R$ 123,08, aumento de 22,55%.
Para o analista e estrategista de mercado de pecuária de corte da Rural Business, Júlio Brissac, o país vive um processo de alta de preços da carne decorrente de um histórico sequencial ano a ano. “Os preços estão aumentando por razão do quadro de oferta de gado abaixo da necessidade de demanda. O consumo interno é muito aquecido e apenas 16% da produção é exportada”, afirma.
O especialista destaca que os baixos preços pagos pela gado de corte tem desestimulado os produtores, pois com a margem de lucro pequena diminui os investimentos na área e a a capacidade de repor bezerro é cada vez menor. “Para 2015 o cenário é de piora, a oferta vai diminuir ainda mais e consequentemente os preços ficarão mais altos”.