UFGD inaugura prédio para cursos indígenas e do campo e reafirma seu respeito por todas as culturas

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Formalizando seu compromisso em abrir as portas da Universidade para todas as comunidades, a UFGD inaugurou na manhã de hoje (11) o prédio da Faculdade Intercultural Indígena (FAIND), a 11ª faculdade da Instituição, implantada em 2012, fruto de seu diálogo com os movimentos sociais em prol da dignidade dos povos indígenas e do campo.

Na presença de professores, técnicos, estudantes e convidados, o reitor Damião Duque de Farias entregou o prédio de 1.537 metros de área construída, com salas de aula, de estudo, de vídeo e de informática, banheiros, cozinha/copa, área administrativa, almoxarifado, zeladoria, ambientes multimídia e laboratórios de línguas e culturas.

Ainda na ocasião, o professor assinou uma ordem de serviço para iniciar a segunda fase de obras, que vão concluir o espaço destinado aos cursos e ações da Faculdade, com expectativa de que a construção esteja finalizada até o meio do próximo ano.

“Temos alcançado um conjunto de vitórias nas mais diferentes áreas da UFGD e que impactam de forma considerável na região. Essas conquistas são coletivas e muito orgulham a nós que trabalhamos e estudamos aqui. Uma delas está sendo celebrada hoje, demonstrando o compromisso da Instituição com os movimentos sociais, que representam setores da sociedade historicamente marginalizados”, comemorou o reitor.

Simbolicamente, as etnias Guarani e Kaoiwá presentes no evento realizaram uma cerimônia de batismo indígena, com cânticos e danças, a fim de abençoar o local que será ocupado por seus estudantes e professores. Ato que para o docente Antônio Dari Ramos, diretor da FAIND, significa exatamente a tomada do prédio. “Porque é isto que queremos: que a FAIND tenha cheiro de fumaça, de lona, de mato. Uma FAIND das comunidades indígenas e do campo”.

Igualando as diferenças

Em nome dos acadêmicos das duas graduações da FAIND, Ana Carla Ferreira, estudante da Licenciatura em Educação do Campo, e Geraldo Domingues, aluno da Licenciatura Intercultural Indígena, expressaram sua satisfação pela entrega da obra. “Para nós é um momento importante, de ocupação de fato, pois a universidade tem que ser ocupada pelo índio, pelo trabalhador, pelo negro. É um momento de mudança em Mato Grosso do Sul, uma universidade abrindo portas para estas comunidades”, enfatizou Ana Carla.

Representando os movimentos sociais do campo, André Aparecido Bispo comparou a inauguração do novo prédio à conquista de um pedaço de terra. “Para esse ato ter acontecido hoje, vários tiveram que tombar. Isto não é gratuito e vai além desta estrutura física”, afirmou.

Agradecendo ao sonho realizado, o representante dos professores Guarani Kaiowá, Valdomiro Ortiz, e o líder Guarani, Valdomiro Aquino, falaram sobre a importância da aliança entre indígenas e não indígenas para a consolidação deste projeto, alegando que a união dos dois diferentes saberes é que possibilitou a oportunidade. “Nossa luta não foi em vão”, reconheceu Ortiz.

Já é realidade

Hoje a FAIND conta com a Licenciatura Intercultural Indígena Teko Arandu e a Licenciatura em Educação do Campo com habilitação em Ciências da Natureza, além das pós-graduações Lato Sensu em Educação Intercultural Indígena e Lato Sensu em Gestão Pedagógica para a Educação Escolar Indígena. A previsão é de que ainda neste mês seja aprovada pelo Ministério da Educação uma nova licenciatura em Educação do Campo, com habilitação em Ciências Sociais.

A Faculdade também realiza pesquisas e ações de extensão junto às comunidades e povos indígenas e do campo, auxiliando a execução de políticas públicas e respeitando seu modo específico de ser, com o objetivo de construir sua autonomia sociocultural e o seu empoderamento político e econômico.

O que para o professor Damião, não se resume a criar cursos diferenciados e construir prédios. “Trata-se da construção de cursos que façam o diálogo com as comunidades, demonstrando nosso respeito por todas as culturas”, concluiu.

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