Isolamento social vem provocando alterações comportamentais nas crianças

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Um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria revela que a pandemia do novo coronavírus tem provocado alterações de comportamento das crianças. A pesquisa identificou que nove em cada dez pediatras (88%) entrevistados relataram sinais de ansiedade e depressão nas crianças. O questionário online foi feito entre os dias 20 de julho e 16 de agosto. Ao todo foram ouvidos 1.525 profissionais, sendo 951 pediatras e 574 ginecologistas e obstetras de todo o País.

Os especialistas verificaram oscilações de humor nas crianças, que passaram a ficar menos ativas e mais melancólicas e retraídas. Segundo 75% dos médicos, essas são as queixas mais frequentes. Em seguida, vêm ansiedade, irritabilidade, depressão, agitação, insônia, tristeza, agressividade, aumento de apetite, entre outros. Segundo a SBP, alguns aspectos explicam as mudanças de comportamento, como alterações da rotina, a falta da escola e da convivência com os colegas, e a necessidade de isolamento social imposta pela pandemia.

A violência doméstica é outro fator que também preocupa os profissionais. Com o confinamento, muitos pediatras têm relatado aumento dos casos de violência contra crianças e adolescentes. A psicóloga Fernanda Aoki orientam os pais a estabelecer uma rotina para as crianças e a promover brincadeiras lúdicas para estimular a criatividade. Tarefas domésticas em conjunto, como cozinhar, por exemplo, também podem ajudar nesse processo e a diminuir a ansiedade. O fato de as crianças estarem mais tempo em frente às telas de celulares e computadores não só pode provocar alterações de comportamento, como também contribui para o aumento da obesidade infantil.

A pesquisa da SBP ainda identificou uma queda na vacinação dos mais pequenos. Na pesquisa, 73% dos pediatras têm a percepção de que as crianças deixaram de ser vacinadas nesse período. Muitas mães relataram medo do contágio pelo coronavírus ao procurar os postos de vacinação. Há, por exemplo, um avanço nos casos de sarampo no Brasil neste ano, justamente pela queda nos índices de vacinação durante a pandemia.

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