Carne é vilã do aumento dos preços da cesta básica em Dourados

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O valor da cesta básica do mês de novembro, comparado com o mês de outubro, apresentou um aumento de 12,73%, é o que constata a pesquisa realizada pelos acadêmicos do curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia (FACE/UFGD). A pesquisa foi realizada na última semana do mês e primeira semana de dezembro.

Os produtos que compõem a cesta básica conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE ) de acordo com a Lei Nº 399, que estabelece o salário mínimo, são: açúcar, arroz, banana, batata, café, carne, farinha de trigo, feijão, leite, margarina, óleo de soja, pão francês e tomate. Os preços da cesta básica de outubro ficaram em R$ 383,47 o que significa 38,43% do salário mínimo que foi de R$ 998,00. E no mês de novembro, o trabalhador douradense teve que destinar uma quantia bem superior do seu salário para a compra dos produtos componentes da cesta básica, que foi de 432,29 reais, equivalente a 43,32%.

Em nível nacional, Florianópolis registrou o maior preço da cesta básica entre as capitais estaduais do país, o preço foi de R$ 478,68 pela primeira vez. São Paulo foi a segunda capital com os preços da cesta básica mais cara com R$ 465,81, perdendo sua posição de cesta mais cara do país. E a terceira capital onde a cesta esteve mais elevada foi em Vitória (ES) com 462,57 reais no mês de novembro, também pela primeira vez. Lembramos que as capitais estaduais Rio de Janeiro e Porto Alegre foram substituídas de cestas mais caras pela primeira vez desde que a pesquisa foi realizada.

Os menores preços foram praticados nas capitais da Região Nordeste do país. João Pessoa (PB) finalizou o mês com R$ 347,14; Salvador (BA) cujo preço da cesta foi de R$ 341,45; assim, registrou o segundo menor preço da cesta básica no país, e com o menor preço da cesta básica do país no mês de novembro foi registrada na capital sergipana, Aracaju, com R$ 325,41 pelo quinto mês seguido. Os preços da cesta básica aumentaram em nove e diminuíram em sete capitais estaduais das 16 onde são realizadas a pesquisa, conforme verificamos no registro do DIEESE.

Se compararmos com a capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, o preço da cesta no mês de novembro foi de R$ 422,06; portanto, menor que a de Dourados. Também é outro fato que acontece pela primeira vez desde que a pesquisa é realizada em Dourados, desde 2010. Desta vez, os preços da cesta básica douradense superou os preços verificados em 12 capitais estaduais do país das 16 realizadas, estas foram: Campo Grande, Curitiba, Goiânia, Fortaleza, Belo Horizonte, Belém, Recife, Natal, João Pessoa, Salvador, Natal e Aracaju.

A partir da Constituição Federal de 1988, o trabalhador brasileiro deve trabalhar 220 horas mensais, com isso, no mês de outubro, um trabalhador douradense para pagar a cesta básica tinha de trabalhar 84 horas e 32 minutos. Já no mês de novembro, este mesmo trabalhador precisou de um tempo de trabalho bem superior para comprar alimentos que foi de 95 horas e 17 minutos, o que representa uma perda muito acentuada do poder de compra do salário do trabalhador douradense. Essa perda ocorreu devido ao aumento expressivo dos preços da cesta básica em Dourados no mês de novembro.

Dos 13 produtos que compõem a cesta básica, quatro apresentaram um aumento dos seus preços no mês de novembro em Dourados: a carne, com o maior aumento chegando a 27,47%; o feijão com 22,81%; o tomate com 22,68% e a margarina com 0,14%. Estes dois últimos produtos tiveram aumento dos seus preços pelo segundo mês consecutivo.

E nove produtos registraram queda de preços no mês de novembro, se comparado com o mês de outubro: a batata, com uma queda de 13,52%; a farinha de trigo com 6,70%; a banana com uma queda de 6,4t%. Tanto a batata como a banana tiveram queda pelo segundo mês consecutivo. Outros produtos que também reduziram preços foram: o arroz com 4,10%; leite com 1,86% de queda; o café com 1,13%; o óleo de soja com 0,57%; açúcar com 0,34% de queda e praticamente estável e o pão francês com 0,02% de diminuição.

PERCEPÇÕES

O que se percebe enquanto ao comportamento dos preços da cesta básica no município de Dourados neste ano é a instabilidade, já que num mês temos elevação e no outro uma queda de preços. É o que aconteceu, por exemplo, nestes cinco últimos meses: julho, a maioria dos preços da cesta básica diminuíram, e no mês seguinte 10 produtos aumentaram de preços. No mês de setembro, nove produtos fecharam com uma queda de preços, em outubro, nove produtos aumentaram de preços. E neste mês de novembro, nove produtos tiveram queda de preços.

Deve-se levar em conta que os produtos que compõem a cesta básica dependem das estações do ano, por isso, oscilam muito de preços. A preocupação é que os produtos com maior peso na composição da cesta como carne e tomate, que tiveram aumentos expressivos. A explicação é a situação externa, tanto o dólar quanto a China.

O dólar teve uma valorização muito forte, com isso, os preços dos produtos exportados ficam muito competitivos e as exportações da carne aumentaram significativamente devido à preferência do produtor na exportação. Isso faz com que os preços internos também se elevem devido à queda da oferta. A China enfrentou um surto de peste suína e, com isso, aumentou suas importações de carne bovina elevando a demanda e, por consequência, os preços deste produto.

SUPERMERCADOS

A pesquisa apresentou a diferença de preços entre os diversos supermercados em Dourados. O preço mais elevado chegou a R$ 458,30 e o menor com 407,37 reais com os mesmos produtos; isso representa uma diferença de R$ 50,93, ou seja, 12,50% menor. Uma sugestão do grupo é verificar os levantamentos realizados pelo PROCON, que possui um método de comparação de preços praticados por cada estabelecimento e dá publicidade à pesquisa identificando cada Supermercado com os respectivos produtos. Essa informação consta no site do município sendo mensalmente atualizada.

Conforme o DIEESE, e levando em consideração a determinação da Constituição Nacional que estabelece o valor do salário mínimo deve ser suficiente para cobrir as despesas do trabalhador brasileiro e de sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o órgão estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.

Dessa maneira, em outubro, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 3.978,82, isso significa 3,99 vezes mais do que o mínimo vigente que foi de R$ 998,00. E no mês de novembro, o salário mínimo necessário deveria estar em 4.021,39, isto representa 4,03 vezes do salário praticado em novembro.

Mais informações sobre a pesquisa no Curso de Ciências Econômicas da FACE/UFGD, com o professor Enrique Duarte Romero através do número 67-9-9995-7342.

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