Em entrevista concedida ao Programa Bom Dia MS, da TV Morena, nesta segunda-feira (24), o presidente da Fiems, Sérgio Longen, reforçou que, até o fim deste ano, o setor industrial de Mato Grosso do Sul deve atingir a marca de 20 mil postos de trabalho encerrados em decorrência da aprovação, pelo Senado, do Projeto de Lei 57/2015, que altera a política de desoneração da folha e aumenta as alíquotas de impostos sobre 56 setores da economia.
Até julho este ano, de acordo com levantamento do Radar Industrial da Fiems, já foram fechadas 12 mil vagas de emprego nas indústrias do Estado e, com o agravamento da crise econômica aliada à política fiscal da União, esse número deve chegar a 20 mil como forma de ajuste por parte dos empresários devido a um cenário ainda pior para 2016.
“Quando se transfere esse custo para os produtos finais, você diminui o poder de compra da população e, com a restrição do consumo, automaticamente as indústrias reduzem a produção, resultando em demissões. Por isso, o setor produtivo classificou essa medida do Governo de ‘Lei do Desemprego’ e nós empresários a combatemos no Congresso Nacional. Infelizmente, os nossos políticos acabaram por permitir que o Planalto avançasse com essa medida sobre a sociedade”, declarou Sérgio Longen, alertando para o agravamento das demissões.
Ele acrescenta que o setor produtivo, representando pela Fiems, Fecomércio-MS, Famasul e Faems, está indignado com a política econômica do Governo Federal e ainda mais com a classe política do Estado, que validou uma medida que transfere para a sociedade um custo pesado por meio de novos impostos. “Nos próximos dias, vamos até Brasília (DF), onde teremos uma reunião na CNI (Confederação Nacional da Indústria) para avaliar e tentar encontrar uma saída que não seja repassar os custos para a sociedade”, informou.
Arrecadação
O presidente da Fiems explica que, antes da desoneração da folha de pagamento de 56 setores da economia, as indústrias pagavam 20% da folha para o INSS como contribuição. O Governo, entendendo que a contribuição era pesada, criou uma condição de melhoria para o setor empresarial, criando as alíquotas de 1% e 2% sobre o faturamento bruto das empresas. Passada essa fase, a União entendeu que estava precisando arrecadar cerca de R$ 22 bilhões a mais e voltou à carga, subindo as alíquotas de 1% para 2,5% e de 2,5% para 4,5%, então são aumentos impossíveis de não serem repassados.
Sérgio Longen informa que em Mato Grosso do Sul, para se ter ideia, os setores industrial e comercial vão passar a pagar ao Planalto cerca de R$ 900 milhões a mais com o fim da desoneração da folha de pagamento. “Nós vivemos em um Brasil que, por mais que seja democrático, o Governo tem nos faltado e a classe política também”, lamentou, garantindo que, terminada essa pauta do ajuste fiscal, já se abre nova uma nova pauta que é a revisão do PIS Cofins, que tirará alguns créditos e resultará em um novo aumento de tributos para ser distribuído para a sociedade.
Construção civil
Ainda durante a entrevista, a TV Morena também ouviu o presidente do Sinduscon/MS (Sindicato Intermunicipal das Indústrias da Construção de Mato Grosso do Sul), Amarildo Miranda Mello, que reforçou que, claramente, as medidas adotadas pelo Governo Federal estão provocando um retrocesso no setor industrial. “Nós vemos que o Governo não investe em empreendedorismo, não investe em quem produz. Ele vai dobrar a contribuição ao INSS e, com isso, vamos agravar ainda mais o nível de desemprego no Estado e no País”, garantiu.
Amarildo Mello destaca que, até o início deste mês, o Brasil já tinha mais de 300 mil funcionários demitidos pela indústria da construção civil e isso deve se agravar em função do aumento de impostos e da contenção dos investimentos. “Ninguém investe em um Governo que não acredita. Então, com certeza, haverá mais demissões até o fim do ano”, previu, completando que, quando não se investe no setor, não se gera novos postos de trabalho e, com o aumento da carga tributária, a redução do emprego será de até 20%.