Palestra na UNIGRAN aborda a questão de pertencimento de jovens indígenas

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Acadêmicos e egressos do curso de Psicologia se reúnem durante Jornada Acadêmica.(Foto:Divulgação)

‘Psicologia UNIGRAN 20 anos: trajetos e conquistas’. Com esta temática que o curso de Psicologia da UNIGRAN realizou a XVII Jornada Acadêmica e VII Mostra Científica 2019. Dentre as diversas atividades, o evento contou com uma palestra sobre ‘Jovens Indígenas: uma questão de pertencimento’, ministrada pela professora Dr.ª Adriana Rita Sordi.

O tema foi pesquisa do doutorado da professora, que é egressa da primeira turma da Instituição e hoje atua como coordenadora do curso de Psicologia da UNIGRAN Capital. Adriana buscou o entendimento sobre os motivos da violência e das questões do suicídio entre jovens indígenas.

“Com a pesquisa, foi possível entender que a criança indígena é muito diferente da não indígena. Ela é muito mais tranquila, principalmente na escola, muito dócil, mais disciplinada, menos ansiosa, isso porque ela tem uma mãe que está sempre por perto, uma mamãe que cuida e não cerceia, se a mãe indígena vai no açude, por exemplo, a criança vai junto, se ela vai na roça ou na cidade, a criança vai junto, isso dá uma estabilidade emocional”, afirma a psicóloga.

O principal questionamento apontado por Sordi é com relação aos motivos de questões como o suicídio e a violência serem tão fortes na realidade de um jovem indígena. “O jovem precisa se sentir pertencente à comunidade”, enfatiza. “Quando ele não se sente pertencente, ele não tem lugar. Na cidade ele sofre preconceito e, por vezes, entra em conflito dentro da própria comunidade indígena, por não saber o lugar que ocupa. Então, ele quer ser branco mas não é, ele briga com os pais porque não quer participar do rituais, de forma que não será aceito. Há um não pertencimento muito forte. E, quando eu não pertenço a lugar nenhum, eu entro em conflito”, ressalta.

Adriana menciona que a ocorrência do não pertencimento também é diferente entre as etnias. “Na etnia terena não ocorre tantos casos de alcoolismo e suicídio, assim como ocorre com os guarani-kaiowa, que sempre foram mais reclusos, com muito mais dificuldade de inserção”, destaca.

Sobre o papel da sociedade e, em especial dos psicólogos, Adriana Rita Sordi enfatiza: “precisamos valorizar a cultura indígena”. “Quando, a partir deste tipo de pesquisa, entendemos o jovem indígena em valorização à sua cultura, nosso objetivo é tentar fazer com que essa população e esse conhecimento se propaguem, e todos saibam da importância da cultura tradicional, de valorizar as questões culturais, que as pessoas do senso comum também consigam compreender, que é apenas uma cultura diferente, que as pessoas possam conseguir conviver com o diferente, pois o diferente está por todos os lados. Enquanto psicólogos, não temos respostas, mas levantamos questionamentos e tentamos fazer uma reflexão”, finaliza.

 

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