PNE: Por um Brasil com mais investimento em pesquisa e inovação

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Investir na inovação tecnológica e em pesquisas é requisito básico para um país alavancar sua economia, gerando emprego e desenvolvimento social. No Brasil, as Instituições de Ensino Superior são o principal polo de produção de pesquisa, por meio dos programas de pós-graduação.

É por isso que o Plano Nacional de Educação, projeto de lei sancionado no último dia 25 de junho, contempla o investimento em pós-graduação e pesquisa em pelo menos cinco das suas 20 metas.

A principal meta relacionada à pesquisa e à pós-graduação é a de número 14: “Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores”.

De acordo com o Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFGD, professor Cláudio Alves de Vasconcelos, a meta de formar 25 mil doutores por ano tem um impacto muito grande na área da pesquisa e na produção de tecnologia. Um dos objetivos do PNE é atingir a proporção de quatro doutores por mil habitantes. Para tanto, é necessário ampliar as vagas de mestrado e doutorado em todo o país.

A UFGD deve ser especialmente privilegiada pela forma como está prevista a expansão dos cursos de mestrado e doutorado. Isso porque uma das estratégias do PNE é ampliar as vagas de pós-graduação, especialmente as de doutorado, nos campi novos. Dessa forma, terão prioridade na distribuição de vagas as universidades e institutos federais que, como a UFGD, foram abertos em decorrência dos programas de expansão e interiorização das instituições superiores públicas.

Em 2010, a administração da Universidade Federal da Grande Dourados realizou reuniões com a comunidade acadêmica e com diferentes setores da comunidade externa, que foram convidados a opinar sobre quais cursos deveriam ser criados nos próximos anos, até 2020. A partir dessas consultas, foi criado o Plano de Expansão da UFGD, que projeta para os próximos anos a criação de mais 26 programas de pós-graduação, gerando mais de 800 novas vagas em cursos de mestrado e mais de 700 em doutorados.

Para abrir esses cursos de pós-graduação, é necessária a aprovação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que avalia a capacidade de infraestrutura e de recursos humanos da universidade. Por isso, o PNE prevê um aumento de investimento nos programas de pós-graduação e pesquisa por meio das agências oficiais de fomento. Outra estratégia prevista no PNE é a articulação entre a CAPES e as agências estaduais de fomento à pesquisa, para captar mais investimentos para a pesquisa e inovação e concretizar tanto o projeto da UFGD quanto a expansão da pós-graduação em todo o país.

Pesquisas para o desenvolvimento do Ensino

O Plano Nacional de Educação é um documento com força de lei, que prevê metas e estratégias por meio das quais o poder público deve promover uma melhoria no ensino. As metas de números 13 e 16 preconizam um aumento no número de professores com mestrado e doutorado desde as séries iniciais até as universidades.

O objetivo é chegar em 2024 com 50% dos professores da educação básica com algum diploma de pós-graduação. E que, em todo o sistema de educação brasileira, até 75% dos docentes tenham mestrado, e, no mínimo, 35% sejam doutores.

O PNE ainda estabelece em diversos pontos que os programas de pós-graduação e os núcleos de pesquisa devem trabalhar de forma integrada para ajudar a melhorar a qualidade da educação no Brasil, em seus diversos níveis. Para isso, devem ser incentivadas as pesquisas e as redes entre cursos de pós-graduação que analisem currículos escolares e propostas pedagógicas.

O documento ainda estabelece a necessidade de promover pesquisas sobre novas tecnologias educacionais e práticas pedagógicas inovadoras, que resultem em conteúdos para formação continuada para professores das séries iniciais.

Desenvolvimento tecnológico e regional

O PNE elenca diferentes estratégias para o desenvolvimento da pesquisa no Brasil. Uma das áreas que deve ser privilegiada é a pesquisa aplicada, voltada para inovação. Estudos que gerem novos produtos, novas tecnologias e formas de produção receberão ainda mais incentivos. O PNE ressalta, ainda, a importância de que esses trabalhos resultem na produção e registro de patentes.

Tal aspecto é de grande importância para que as pesquisas nas universidades possam cada vez mais oferecer inovação aos setores produtivos do país. A iniciativa vem ao encontro dos interesses da UFGD, que já é um polo de pesquisas ligadas ao setor agroindustrial na região, com destaque para a atuação das faculdades de Ciências Agrárias (FCA), de Engenharia (FAEN) e de Ciências Exatas e Tecnológicas (FACET).

O PNE também assinala a preocupação em fomentar pesquisas focadas no desenvolvimento regional. Uma de suas estratégias indica a necessidade de gerar inovação tecnológica que valorize a diversidade cultural e a biodiversidade de biomas específicos, dentre eles o do Cerrado. Atualmente, a UFGD tem cinco bases de pesquisas no Estado, sendo uma delas localizada no Pantanal e outra no Cerrado. Nesses espaços, grupos de pesquisa podem desenvolver análises ambientais e tecnologias específicas para o desenvolvimento sustentável da região.

Internacionalização

Além de investir em tecnologia para o desenvolvimento regional, a área de pesquisa também deve estar voltada para o mercado mundial e para as inovações desenvolvidas em outros países.

Um impacto positivo do investimento na formação de doutores é dar visibilidade às pesquisas desenvolvidas no Brasil dentro do cenário internacional. De acordo com o professor Cláudio, a maioria dos programas de pós-graduação está exigindo que seus mestrandos e doutorandos busquem publicar seus trabalhos em revistas especializadas e em eventos de alcance internacional e que façam parte de seus cursos em outros países. Da mesma forma, estimulam a abertura para vinda de estudantes estrangeiros em intercâmbio.

Por esses meios, os pesquisadores participam de redes de pesquisa com pesquisadores de outros Estados e países e compartilham os resultados dos seus trabalhos, podendo avançar através da troca de experiências. “Aumentar o número de publicações também aumenta a qualidade dos trabalhos publicados. Com mais publicação, as pesquisas do Brasil devem se projetar para fora do país, o que gera intercâmbio de conhecimentos, parcerias com instituições de ensino e pesquisa de outros países, e atualização dos nossos profissionais e acadêmicos”, avalia o professor Cláudio.

Uma das estratégias do PNE é justamente consolidar programas, projetos e ações que objetivem a internacionalização da pesquisa e da pós-graduação brasileiras, incentivando a atuação em rede e o fortalecimento de grupos de pesquisa. O PNE também prevê incentivo à mobilidade internacional para estudantes e docentes, e a promoção de intercâmbio com instituições de ensino, pesquisa e extensão de outros países.

O principal objetivo dessas estratégias de internacionalização é aumentar qualitativa e quantitativamente o desempenho científico e tecnológico do país.

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