Sensei de MS integra novo Comitê Executivo da Confederação Pan-Americana de Judô

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A Assembleia Geral Eletiva foi realizada na semana passada, remotamente por videochamada, com a participação de 31 federações das 34 que compõem a CPJ, entre elas a Confederação Brasileira de Judô (CBJ). O novo mandatário foi eleito por unanimidade pelos países pan-americanos.

Amadeu é o único brasileiro na Confederação. Junto a ele, fazem parte do Comitê Executivo: Mike Tamura (secretário geral – Canadá); José Porfirio (tesoureiro geral – Porto Rico); Ovidio Garnero (diretor de arbitragem – Argentina); Katiuska Santaella (diretora de educação – Venezuela); Rafael Manso (diretor de desenvolvimento – Cuba) e Jose Rodriguez (diretor administrativo – Estados Unidos).

“Foi uma surpresa o convite. O presidente Carlos Zegarra, o qual conheço de longa data, inclusive sendo adversários, já havia dado meu nome à Federação Internacional de Judô (FIJ) e a recomendação foi aprovada prontamente”, revela o mestre de Mato Grosso do Sul, graduado na faixa-coral (vermelha e branca) 7º DAN.

O técnico nascido em Corumbá atribui a escolha para o cargo à vasta experiência, nacional e internacional, adquirida nos últimos 10 anos, principalmente ao percorrer diversos países da América Latina. De 2002 a 2009, Amadeu trabalhou em El Salvador e México. Em solo mexicano, esteve junto à equipe olímpica e orientou a melhor atleta do país, Vanessa Zambotti. Depois, retornou ao Brasil, sendo convidado para fazer parte da diretoria da CBJ, onde permaneceu até 2020. “A CBJ vendo meu trabalho, me chamou de volta. Acredito que deixei uma escola muito boa de formação e desenvolvimento do judô no México e em El Salvador”, destaca o sensei.

Na entidade tupiniquim, o profissional foi nomeado supervisor técnico e de alto rendimento, atuando na parte burocrática, na implantação de projetos de formação e cursos em parceria com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), clínicas técnicas e de arbitragem, além de trabalhar com o selecionado verde e amarelo na preparação para a Olimpíada de Londres 2012.

Um dos destaques na CBJ foi a orientação técnica à equipe feminina, repassando às judocas a experiência adquirida essencialmente no judô cubano, com o qual teve muita familiaridade durante a passagem pela América Central. “Aqui na Pan-América, sempre perdíamos para Cuba no feminino. Mas, coincidência ou não, começamos a vencer Cuba depois que voltei ao Brasil. Conheci muito o país, fui várias vezes, tenho muita amizade com professores cubanos. Acredito que meu aporte de conhecimento foi essencial”, avalia.

Com a seleção brasileira, o técnico teve ainda mais aproximação e influência em outros países americanos. “Trocamos muito conhecimento e experiência nos eventos em que a seleção participava, principalmente entre os técnicos da Pan-América, sem contar a afinidade com a maioria dos atletas”. Segundo ele, o crescimento técnico dos demais países da América é responsável direto pelo fortalecimento do judô brasileiro no cenário mundial.

“Quero o judô brasileiro forte a nível mundial e, para isso, precisamos ter adversários fortes para que cresçamos. Uma preocupação que eu tinha era que Cuba continuasse no alto nível, além de EUA, Canadá e outros países emergentes na modalidade tivessem o judô forte, porque aqui no continente haveria competitividade. Assim, quando saíssemos para disputar competições a nível mundial, o Brasil estaria acostumado com o alto nível”, explica Amadeu.

Formação do judô na escola

O esporte sul-mato-grossense tem, por essência, formação de base escolar. Com o judô não é diferente. Um dos pilares para iniciação na modalidade é o Programa MS Desporto Escolar (Prodesc) – Treinamento Desportivo, desenvolvido pela Fundesporte, em parceria com o Núcleo de Esporte (Nesp) da Secretaria de Estado de Educação (SED). Hoje, o programa está em instituições da Rede Estadual de Ensino (REE) de 62 municípios, atendendo também Unidades Educacionais de Internação (Uneis), comunidades indígenas e quilombolas. As aulas de treinamento desportivo são oferecidas no contraturno das aulas aos alunos-atletas.

Atualmente, o mestre Amadeu é um dos responsáveis pela coordenação do judô no Prodesc. Para ele, o programa é um exemplo no país, devido à sua imersão e intensidade na iniciação e formação esportiva. “A escola é a base de tudo e o Prodesc é um sonho que estamos realizando, porque vamos colher frutos lá na frente. Por ele, formamos cidadãos, detectamos talentos e vamos potencializando isso. Talvez tenhamos um atleta, de judô ou não, numa Olimpíada, daqui a alguns anos, quem sabe”.

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