G1
O deputado democrata Jamie Raskin, um dos principais promotores do pedido de impeachment, apresentou a acusação contra o presidente Trump. Segundo ele, o 45º presidente dos EUA é responsável direto pelo que chamou de “exceção de janeiro”.
Trump é acusado de incitar à violência que resultou na invasão ao Capitólio, a sede do Congresso, em 6 de janeiro. Raskin apresentou, em sua argumentação, um vídeo de mais de 5 minutos com trechos do discurso inflamado de Trump e das ações violentas de grupos de apoiadores do republicano.
“Se me perguntarem o que é um crime de alta contravenção, segundo a nossa Constituição, eu digo que isso é um grande crime de alta contravenção”, disse Raskin. “Se isso não é uma crime passível de impeachment, então não existe nada que pode ser.”
Agora, apesar do mandato de Trump já ter sido concluído, os senadores, caso decidam condená-lo, podem optar por retirar seus direitos políticos, o que impediria que ele volte a se candidatar no futuro.
A previsão é de que o atual julgamento seja mais rápido que o primeiro, que se arrastou por três semanas. Em 2020, Trump enfrentou seu primeiro processo de impeachment quando a Câmara o condenou por obstrução ao Congresso e abuso de poder, mas acabou inocentado pelo Senado.
Acusação e defesa
Nesta terça, os promotores do impeachment – oito ao todo – começaram a exposição oral de seus argumentos. Essa etapa pode durar até três dias.
Em um documento de 80 páginas, divulgado no dia 2, eles pedem a condenação de Trump e afirmam que ele cometeu uma “traição sem precedentes históricos” ao incentivar seus apoiadores com um discurso, pouco antes de eles invadirem o Capitólio, em um episódio que terminou com cinco mortes.
No mesmo dia, a equipe de defesa emitiu um documento com 14 páginas, invocando o “direito de expressão” do ex-presidente.
Os advogados de Trump irão se pronunciar oralmente quando os acusadores terminarem sua exposição. Dependendo de quando isso acontecer, poderá haver uma sessão no sábado, dia 13 de fevereiro.
A defesa terá um tempo similar ao da acusação para apresentar seus argumentos.
Perguntas e testemunhas
Na sequência virá a fase das perguntas, que serão encaminhadas pelos senadores que servirão como jurados. Elas serão feitas por escrito e entregues ao senador Patrick Leahy, que preside o julgamento e irá distribuí-las entre acusadores e defensores.
A estimativa é de que essa etapa seja realizada entre os dias 15 e 16 de fevereiro.
Após as perguntas, os senadores irão decidir se testemunhas serão convocadas, o que não aconteceu no primeiro julgamento de Trump no Senado, à época controlado pelo Partido Republicano.
Desta vez o Partido Democrata, que agora detém a maioria, ainda não sinalizou se irá pedir alguma convocação. A única pessoa convidada até agora – o próprio ex-presidente – recusou o chamado.
Em um comunicado divulgado na quinta-feira (4), os advogados de Trump chamaram o convite de uma “manobra de relações públicas”. “O presidente não irá testemunhar em um processo inconstitucional”, disse à agência Reuters o conselheiro de Trump Jason Miller.