ASSISTA: Indígena morto em confronto tinha 18 anos

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Luiz Guilherme*

Vídeos enviados para a redação do Ligado Na Notícia mostram indígenas da comunidade Nhaderu Marangatu, e a PM (Polícia Militar) em conflito desde as primeiras horas desta quarta-feira (18/9), em Antônio João. Um indígena, identificado como Neri, da etnia Guarani Kaiowá, de 18 anos, morreu durante o embate.

De acordo com as entidades indigenistas, o confronto ocorreu quando tropas de choque da Polícia Militar atacaram uma comunidade indígena. Os descritos relatam o uso de força contra os indígenas, o que gerou um clima de revolta e desespero entre os moradores. No entanto, fontes policiais apresentam uma versão diferente, alegando que o confronto teria sido iniciado após um grupo de indígenas armados avançar contra os agentes.

Este incidente é o mais recente de uma série de confrontos na área desde o início de setembro, quando indígenas atearam fogo em uma ponte local, isolando temporariamente policiais militares. A PM e a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o caso.

Indígena gravemente ferida corre risco de amputação

Além da morte de Neri Guarani Kaiowá, um indígena de 32 anos também foi gravemente ferida em outro confronto com a PM, ocorrido no dia 12 de setembro, na fazenda Barra. Durante uma ocupação da propriedade rural pelos indígenas, a mulher foi atingida por tiros no joelho e, de acordo com o Cimi, corre o risco de perder parte da perna.

Ela está internada no HR (Hospital Regional) de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai. A previsão é de que ela passe por uma cirurgia nesta quinta-feira (18/9), na tentativa de salvar sua perna.

A ocupação da fazenda Barra Mansa foi um dos pontos centrais do conflito na região, com indígenas reivindicando a terra como parte de suas áreas tradicionais.

Ponte destruída e isolamento de policiais

O confronto iniciado no dia 12 de setembro ganhou ainda mais notoriedade quando uma ponte foi incendiada pelos indígenas, durante a ocupação da fazenda. O incêndio deixou o comandante da Polícia Militar de Ponta Porã e outros três policiais ilhados, junto com o proprietário da fazenda.

A destruição da ponte elevou a tensão no local, levando à mobilização de equipes do Batalhão de Choque da PM para fortalecer a segurança e tentar controlar a situação. Durante o conflito, houve relatos de uso de balas de borracha por parte da polícia, o que resultou em ferimentos entre os indígenas, incluindo um que foi levado ao hospital para tratamento.

Acusações de violência e novas prisões

Enquanto as investigações continuam, o Cimi e outras organizações indigenistas denunciam o uso excessivo de força por parte das autoridades contra a comunidade Nhanderu Marangatu. No domingo (15/9), dois indígenas que foram presos durante os conflitos foram liberados.

A situação de conflito em Antônio João reflete um problema maior envolvendo a demarcação de terras indígenas no Mato Grosso do Sul, região onde disputas fundiárias entre fazendeiros e indígenas são recorrentes. A ausência de uma solução definitiva por parte do Governo Ferderal para a questão tem resultado em uma escalada da violência, com graves consequências para as comunidades.

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