Fuga no Presídio Federal de Mossoró desafia o ministro Lewandowski

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Em meio à crise gerada pela fuga de presos no Rio Grande do Norte, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, determinou o afastamento imediato da direção da Penitenciária Federal em Mossoró e escalou um policial federal penal como interventor para comandar a gestão da unidade — uma das chamadas cinco supermax existentes no país. Além disso, o governo federal mobilizou parte da equipe da pasta para a região.

Esta é a primeira fuga em unidades federais de segurança máxima desde que o programa teve início, em 2006, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Fontes do Ministério da Justiça, ouvidas pelo Correio sob a condição de anonimato, afirmam que a fuga representa uma crise no governo, pois coloca em dúvida todo o aparato de segurança criado para isolar e manter encarcerados os chefes de facções criminosas no país. Por conta disso, foi aprovada a criação de um comitê de crise na cidade.

O caso ocorre nas primeiras semanas de gestão de Lewandowski, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) e substituto de Flávio Dino, que, no final deste mês, assume uma das cadeiras da Corte. Além de lidar com fugas e com a pressão para que os detentos de alta periculosidade sejam recapturados, Lewandowski vai ter de encarar as reações políticas, pois está comandando um dos ministérios mais visados do governo.

O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) afirmou que vai apresentar requerimento para convocar o ministro a prestar esclarecimentos sobre o caso em Mossoró. O documento será protocolado na presidência da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO), assim que retomarem os trabalhos do colegiado, de acordo com o parlamentar.

“É inadmissível que fugas ocorram em presídios federais. O ministro Lewandowski precisa vir à Comissão de Segurança Pública prestar esclarecimentos sobre esse gravíssimo ocorrido”, ressaltou Nogueira. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) expressou indignação com o caso. Ao Correio, ela enfatizou a necessidade de um plano nacional de segurança mais eficaz para enfrentar o avanço do crime organizado.

“Deixa a todos nós perplexos e causa uma grande indignação, pois testemunhamos no passado o quanto os governos do PT eram negligentes com a segurança pública e, agora, vemos tudo acontecer novamente”, observou. Os presos que escaparam, na madrugada de quarta-feira, Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento, estavam na unidade prisional de segurança máxima desde setembro de 2023. Ambos são ligados ao Comando Vermelho, facção criminosa que surgiu no Rio de Janeiro e se espalhou por diversos estados.

A suspeita preliminar é de que os detentos subiram no telhado pelo encanamento e usaram ferramentas que estavam no pátio para cortar o alambrado de proteção. O pátio estava em reforma, e um descuido na segurança pode ter propiciado a fuga.

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