Operação da PF em Campo Grande mira candidata a deputada

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A Polícia Federal cumpriu três mandados de busca e apreensão, na manhã desta quinta-feira (23), contra a candidata a deputada estadual Gilsienny Arce Munhoz, a Gilsy Arce (PRB). É a primeira operação contra suspeita de ser candidata laranja em Mato Grosso do Sul. Nas eleições do ano passado, ela gastou R$ 761,5 mil para conquistar apenas 491 votos.

O Ministério Público Eleitoral investiga fraude na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral. Os mandados de busca foram determinados pelo juiz Augusto Roberti Coneglian, da 53ª Zona Eleitoral de Campo Grande.

Gilsy é suspeita de omitir ou inserir informações falsas na prestação de contas para justificar o gasto de R$ 761.589,50 na campanha a deputada estadual nas eleições do ano passado. O promotor eleitoral Marcos Alex Vera de Oliveira ainda apura se ela ou o administrador financeiro da campanha se aproveitou dos recursos destinados para o financiamento eleitoral.

Gilsy foi candidata pelo PRB, partido da Igreja Universal do Reino de Deus e presidido pelo pastor Wilton Melo Acosta. O valor gasto pela funcionária pública é muito superior ao escândalo dos candidatos laranjas que derrubaram o ministro Gustavo Bebiano, que é investigado pelo repasse de R$ 400 mil a uma candidata em Pernambuco.

Lotada em cargo comissionado na Secretaria Estadual de Trabalho e Assistência Social desde agosto de 2014, Gilsy Arce disputou a primeira eleição na vida. Ela foi a “queridinha” da direção nacional do PRB, que lhe garantiu o repasse de R$ 760 mil.

Conforme a prestação de contas feita à Justiça Eleitoral, quase metade do valor, R$ 361,6 mil, foi gasta com a contratação de cabos eleitorais. Outros R$ 213,1 mil foram investidos em materiais impressos.

O único candidato eleito deputado estadual do PRB, Antônio Vaz, gastou R$ 328,8 mil, menos da metade do desembolsado por Gilsy Arce. Ele recebeu apenas R$ 264 mil da direção do partido, enquanto a potencial laranja recebeu três vezes mais.

O coronel Isaías Bittencourt, que obteve 9.648 votos, gastou R$ 150.269, dos quais R$ 138 mil repassados pela direção nacional do PRB.

A candidata ainda contratou ex-coordenadores da Funtrab (Fundação Estadual do Trabalho), que foi comandada pelo PRB no primeiro mandato de Reinaldo Azambuja (PSDB). Lucas Rael Alves Acosta, filho do presidente regional do partido, o pastor Wilton Acosta, também recebeu dinheiro da campanha, conforme a prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral.

Fiasco nas urnas no ano passado, Gilsy Arce (PRB) contratou aproximadamente 150 pessoas para trabalhar na campanha de deputada estadual.

A candidata contratou ex-coordenadores da Funtrab (Fundação Estadual do Trabalho), que foi comandada pelo PRB no primeiro mandato de Reinaldo Azambuja (PSDB). Lucas Rael Alves Acosta, filho do presidente regional do partido, recebeu R$ 4,9 mil.

O coordenador da campanha foi Edson Bobadilha, que recebeu R$ 53,9 mil. Ele era coordenador do trabalho na Funtrab, onde tinha salário de R$ 4,5 mil por mês. Outros quatro cabos eleitorais tinham o mesmo sobrenome do coordenador e receberam R$ 7,5 mil para atuar como cabos eleitorais nas eleições de 2018.

Outros ex-comissionados na Funtrab foram contratados por Gilsy. Dorineu Martins Afonso ganhou R$ 54 mil, enquanto João José Sales Filho teve R$ 15,3 mil para serviço contábil.

A PF confirmou a operação, mas não divulgou mais detalhes da investigação conduzida pelo MPE. No Brasil, as investigações de candidatos laranjas também envolvem o ministro do Turismo, Marcelo Antônio, e ocorrem em Minas Gerais.

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