Polícia conclui apuração de atentado a bombas em supermercados em MT

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A Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Rondonópolis, Mato Grosso, (Derf) concluiu o inquérito que apurou a autoria do ataque a bomba contra o Supermercado Tropical e indiciou Rodrigo Machado de Oliveira, 33 anos pelos crimes de extorsão qualificada por emprego de artefato explosivo e homicídio tentado qualificado por motivo torpe, emprego de explosivo que resultou em perigo e recurso que impossibilitou defesa das vítimas. Somadas, as penas para os crimes podem chegar a 50 anos de prisão.

A investigação a cargo do delegado Santiago Rozendo Sanches e Silva, reconstruiu passo a passo de todo o planejamento do crime, rastreando desde as aquisições dos equipamentos eletrônicos usados nas bombas, até o responsável por soldar as peças e montar o artefato. Conforme apurou a equipe policial, Rodrigo estudou desde as formas de preparação da bomba até o processo de aquisição de moedas virtuais e formas de evitar a rastreabilidade do dinheiro caso houvesse sucesso no pagamento da extorsão promovida por ele contra os proprietários da rede de supermercados.

Uma das bombas fabricadas por Rodrigo, explodiu no dia 4 de abril no supermercado no bairro Vila Operária e feriu quatro pessoas, duas delas gravemente. Outro explosivo foi instalado em filial da rede no Jardim Tropical, mas não houve a explosão. O artefato foi localizado pela Polícia Civil e equipes especializadas realizaram a detonação.

Rodrigo foi preso preventivamente no dia 12 de abril e na casa dele, no Residencial Farias, os policiais civis apreenderam materiais empregados na fabricação das bombas, entre os quais pólvora, sistema eletrônico de detonação à distância, munições, além da motocicleta e outros objetos usados no crime. Todos os materiais passaram pela perícia da Politec.

A investigação realizada ao longo de uma semana pela Derf de Rondonópolis, com apoio da Delegacia Regional, Delegacia de Homicídios e Diretoria de Inteligência da Polícia Civil, chegou, inicialmente, ao veículo usado na ação criminosa. Após a identificação do proprietário do veículo, foi feita a representação pela busca e apreensão domiciliar, deferida pelo juízo da 2° Vara Criminal de Rondonópolis. 

Confissão 

Rodrigo foi interrogado e confessou a autoria do atentado, alegando ter agido sozinho. Além de relatar detalhes sobre o planejamento do crime, Rodrigo contou como instalou os explosivos nos estabelecimentos no dia 31 de março e, quatro dias depois, foi ao local dos fatos para acionar as bombas, após a recusa no pagamento da quantia exigida na extorsão contra os proprietários da rede de supermercados.

Explosão

Na manhã do dia 4, por volta de 8h30, o SAC – Serviço de Atendimento ao Consumidor da rede de supermercados de Rondonópolis, recebeu mensagens por aplicativo de uma pessoa que se apresentava como “integrante de uma organização que efetua ações de altíssima violência” exigindo o pagamento de R$ 300 mil em moeda virtual, Bitcoin, sob pena de um ataque contra as lojas da empresa.

No mesmo dia, por volta de 18h, aconteceu a explosão na loja da Vila Operária. Duas pessoas, uma delas criança, sofreram ferimentos gravíssimos no atentado, além de outros clientes atingidos. Após a denotação da primeira bomba, o responsável pelo atentado fez novo contato com o SAC da empresa exigindo, novamente, o pagamento sob pena de um novo ataque. 

Planejamento 

A investigação apontou que, já em outubro do ano passado, Rodrigo deu início ao plano criminoso, com a compra de equipamentos para as bombas, escolha da vítima e planejamento operacional, como o estudo de câmeras de segurança e rotas de fuga. Ele disse em depoimento, que comprou os dispositivos usados na montagem das bombas em uma plataforma de vendas na internet. Depois de montar a bomba dentro de um cano de PVC, ele lacrou o tubo colocando um papel com os dizeres: RECIPIENTE COM PRODUTO REMOVEDOR DE UMIDADES E ODORES. NÃO REMOVER ATÉ 06/23.

No dia em que instalou a bomba no supermercado, ele usou um capacete para levar o dispositivo até o local simulando que estaria de motocicleta e não levantar suspeita. Depois de pegar alguns produtos, disse que procurou um lugar para deixar a bomba, onde não houvesse câmeras de monitoramento e fixou a bomba em uma das prateleiras.

Após pagar pelo que comprou, ele foi para outra loja da rede instalar a segunda bomba. O criminoso disse ainda que escolheu a segunda loja aleatoriamente, mas que não queria colocar em uma que fica próxima à sua casa por medo de alguém reconhecê-lo. Quanto ao celular que usou para enviar as mensagens da extorsão, ele declarou que 
comprou o aparelho logo após ter a ideia de usar as bombas para extorquir dinheiro e pegou um número de CPF aleatório para habilitar o número.

Indiciamento

O delegado Santiago Sanches, titular da Derf de Rondonópolis, pontua ainda que indícios levantados na investigação são concretos e seguros quanto à autoria e materialidade dos crimes, tendo causado lesão grave em duas vítimas, entre elas uma criança de 7 anos, além da exposição de perigo de vida em diversos clientes que estavam no local dos fatos no momento da explosão, ferindo outros dois adultos.

“Somado ao material probatório produzido durante a busca e interrogatório, as investigações da Polícia corroboram a autoria do crime, restando demonstrado através de análise de imagens de câmeras de segurança, afastamento de sigilo de dados decretado nos autos, oitiva de testemunhas, laudo periciais, que o indiciado foi o autor dos crimes apurados nos autos, descartando-se a participação, a priori, de outras pessoas na ação”, aponta o delegado Santiago. 

O autor do crime foi indiciado ainda por quatro homicídios tentados contra clientes, que faziam compras no momento da denotação da bomba. A criança sofreu graves lesões por todo o corpo. 

“Os trabalhos periciais apontaram que o artefato usado tinha potencial lesivo capaz de matar pessoas e que o autor foi até o local do crime pessoalmente para acionamento da bomba, somente não havendo óbito e ferimentos de mais pessoas por circunstâncias alheias à sua vontade. Pode-se dizer que foi um verdadeiro milagre que nenhuma pessoa tenha morrido com a denotação da bomba, uma vez que os artefatos foram colocados intencionalmente em setor de venenos e aerossóis tendo como finalidade potencializar o efeito da explosão”, detalhou o delegado encarregado do caso.

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