Prisão de mandantes é marco na apuração de crimes no Rio de Janeiro

-

Três suspeitos de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes estão presos na sede da Polícia Federal depois de apanhados em ação conjunta com o Ministério Público do Rio de Janeiro. Os presos, Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, Chiquinho Brazão, deputado federal do Rio de Janeiro, e delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio foram apanhados na Operação Murder Inc.

Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), todos na cidade do Rio de Janeiro. A operação Murder Inc. tem como alvos os autores intelectuais dos crimes de homicídio, de acordo com a investigação. Também são apurados os crimes de organização criminosa e obstrução de justiça.

Nas redes sociais, a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e irmã de Marielle, comemorou as prisões e cobrou respostas das autoridades. “Só Deus sabe o quanto sonhamos com esse dia! Hoje é mais um grande passo para conseguirmos as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar a Mari e por quê? Agradeço o empenho da PF, do Governo Federal, do MP federal e estadual e do Ministro Alexandre de Moraes. Estamos mais perto da Justiça! Grande dia!”, escreveu.

Marcelo Freixo também usou o X, antigo Twitter, para comemorar as prisões e afirmou: “Essa é uma oportunidade para o Rio de Janeiro virar essa página em que crime, polícia e política não se separam”. Preso desde 2019, o ex-policial militar Ronnie Lessa, autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, citou o nome do deputado federal Chiquinho Brazão (União) e do irmão, Domingos Brazão, em sua delação premiada, homologada na terça-feira (19), pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Uma das principais linhas de investigação sobre o caso está relacionada a uma disputa por terrenos na Zona Oeste. Em depoimento, Lessa teria informado que Marielle virou alvo depois de defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda e que o processo fosse acompanhado por órgãos como o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.

De acordo com as investigações, o mandante do crime que deu fim a vida de Marielle e Anderson estaria buscando a regularização de um condomínio em Jacarepaguá sem considerar o critério de área de interesse social. O objetivo seria transformar a propriedade em especulação imobiliária.

Seis anos após a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, as investigações do caso seguem em andamento para descobrir o mandante e a motivação para os assassinatos. No início do mês, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Força-Tarefa do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o caso Marielle Franco e Anderson Gomes (Gaeco/FTMA), pediu à Justiça que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, seja julgado por júri popular.

Os investigadores apontam que Suel participou do plano do assassinato e monitorou a rotina da vereadora, além de ter ajudado os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, atirador e motorista respectivamente, no desmanche do carro usado na emboscada e do sumiço das cápsulas da munição. Lessa e Queiroz também vão a júri popular.

plugins premium WordPress