Transferências de líderes é mais um capítulo na crise da segurança no RN

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Nove detentos suspeitos de comandar os ataques criminosos no Rio Grande do Norte foram transferidos para unidades federais ontem. Eles cumpriam penas pelos crimes de homicídio e tráfico de drogas no Presídio Rogério Coutinho, no Complexo Alcaçuz, em Nísia Floresta, na Grande Natal. O governo estadual confirmou que as transferências, solicitadas pelo Ministério Público do estado e autorizados pelo Juiz da Vara de Execução Penal, ocorreram em resposta aos atentados, que começaram na madrugada de terça-feira.

“Os custodiados são acusados de comandar os crimes como homicídios e tráficos de drogas, além de estar envolvido em planos de fugas e ataques a patrimônios públicos e privados no Rio Grande do Norte”, disse o governo, em nota, acrescentando que eles ficarão isolados em celas individuais e com visitas monitoradas e somente por parlatório, que é um local reservado para visitas íntimas.

A Secretaria Nacional de Políticas Penais informou que os presos poderão ficar custodiados em qualquer uma das instituições federais de Catanduvas (PR), Campo Grande, (MS), Mossoró (RN), Porto Velho e Brasília. Assim, sobe para 10 o número de transferências para unidades federais. A primeira transferência ocorreu ainda no primeiro dia dos ataques, no dia 14.

Outros três já foram identificados como comandantes dos atos e mandavam de dentro de presídios na Bahia e na Paraíba. Até o momento, 106 pessoas já foram presas por envolvimento nos ataques e, desde o começo das ações criminosas, já foram apreendidas 31 armas de fogo, 87 artefatos explosivos e 23 galões de gasolina, além de 11 motos e dois carros, dinheiro, drogas e munições.

Até ontem, eram pelo menos 49 cidades sitiadas pelos criminosos, apontados como integrantes da facção Sindicato do Crime, a maior do estado, e, segundo o Centro Integrado de Inteligência e Segurança Pública do Nordeste, desde quarta-feira, foram registrados 259 ataques a prédios públicos, comércios e veículos. A Polícia Civil afirma que o registro de novos casos vem caindo desde o começo dos atos na terça, quando 103 ocorrências foram registradas.

“A diminuição de atos criminosos chegou a 74,5% ao fim desta sexta-feira (17). Nos próximos dias, a expectativa é da chegada de mais reforço para somar ao efetivo das forças estaduais de segurança pública”, afirmou a corporação. No entanto, a realidade da população sugere outro cenário.

No bairro Igapó, Zona Norte de Natal, criminosos armados, encapuzados e com coletes à prova de balas expulsaram nove moradores de três casas, que acabaram incendiadas, na madrugada de sábado. Uma idosa de 77 anos foi tirada da cama com uma arma apontada para a cabeça.
O policial penal Carlos Eduardo Nazário, de 49 anos, foi morto em São Gonçalo do Amarante, a 20km da capital. Ele chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Santa Catarina, em Natal, mas não resistiu aos ferimentos. O agente foi atingido por um disparo enquanto estava em um comércio e não estava a serviço.

Ainda não foi divulgado um balanço oficial de mortes desde o início da onda de violência. No entanto, a Polícia Civil confirmou o assassinato de um comerciante ainda na terça, além de um suspeito que morreu em um confronto com policiais e outro durante troca de tiros com agentes da corporação, durante o cumprimento de mandados contra integrantes da facção apontada como responsável pela violência generalizada no Rio Grande do Norte.

Reforço

De acordo com a Polícia Civil, 455 agentes de segurança pública já foram cedidos para apoiar o trabalho das forças do estado. Com o apoio da Força Nacional e a chegada do secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, ao estado na sexta-feira, a governadora Fátima Bezerra ressaltou que o grupo seguirá “incansável em tomar as medidas necessárias para restabelecer a paz e a ordem pública em todo o Rio Grande do Norte”.

O ministério da Justiça e Segurança Pública, enviou, ainda, outros 100 agentes de segurança. Fátima Bezerra, por sua vez, anunciou que 290 policiais rodoviários federais chegarão a Natal para, então, serem distribuídos às cidades afetadas. O estado já recebeu 32 PMs do Ceará e ainda receberá outros 30 da Paraíba. Helder Barbalho (MDB), governador do Pará, afirmou que também enviará ajuda.

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