Apoiadores de Bolsonaro lotam a Avenida Paulista, em São Paulo

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou os apoiadores para uma manifestação na Avenida Paulista, região central de São Paulo, na tarde deste domingo, (25), e foi atendido. O público começou a chegar ainda durante a manhã com bandeiras e camisas do Brasil, além de mensagens de apoio a Israel – na última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou o conflito na Faixa de Gaza com o Holocausto e causou polêmica, e tomou conta de um dos principais cartões postais da capital paulista.

Aos gritos de “Eu vim de graça”, os apoiadores de Bolsonaro tentam se desvincular do ato golpista de 8 de janeiro, quando vários empresários e políticos foram alvos da Polícia Federal por terem financiado a destruição da sede dos Três Poderes, em Brasília. A maioria do público presente é formado por casais e pessoas na faixa etária acima dos 50 anos.

O verde e amarelo são as cores predominantes do ato. Camisas da Seleção Brasileira, camisetas com o rosto de Bolsonaro, bandeiras do Brasil e de Israel dão o tom da manifestação. Os itens também são vendidos por ambulantes no local. A bandeira de Israel, por exemplo, sai por R$ 60, e já esgotou em alguns dos pontos de venda.

A manifestação convocada por Bolsonaro servirá como teste de força do bolsonarismo após as investigações da Polícia Federal apontarem o ex-presidente como mentor da tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro aposta na foto de uma multidão diante de seu palanque para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF), fustigar o Palácio do Planalto e mandar recados de que sua eventual prisão não será aceita sem convulsão social. Organizadores do ato na Paulista preveem o comparecimento de 500 mil a 700 mil pessoas. Desde sexta-feira há caravanas de ônibus fretados saindo de várias regiões do País.

No Planalto, auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que a manifestação será grande e acham fundamental definir, o mais rápido possível, uma série de ações para derrotar o bolsonarismo nas disputas deste ano das principais capitais, como São Paulo. O movimento é visto como decisivo para impulsionar a campanha da reeleição de Lula, em 2026.

Ministros do STF não vão tolerar ofensas

Embora Bolsonaro diga que o protesto vai ser pacífico, “em defesa do estado democrático de direito”, até mesmo seus aliados temem o acirramento dos ânimos e o tom de revanche na avenida. Ministros do STF, por sua vez, afirmam nos bastidores que todos os discursos ali serão escrutinados e nenhuma ofensa à Corte passará em branco, sem punição.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro abriu o ato com uma oração. O único governador a falar será Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, possível herdeiro do ex-presidente na eleição de 2026 ao Planalto. Além de Tarcísio estarão presentes os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Apoiado por Bolsonaro na campanha por um novo mandato, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também comparecerá, apesar de secretários municipais e dirigentes do MDB não esconderem a preocupação com a vinculação da imagem dele a pronunciamentos antidemocráticos. A lista das confirmações de presença inclui, ainda, 106 deputados federais, 17 senadores e mais de 100 deputados estaduais, prefeitos e vereadores.

“É uma vergonha ver governadores e prefeitos, que têm responsabilidade institucional, participando de uma manifestação contra a democracia e a legalidade. Que medo eles devem ter do Bolsonaro, das coisas erradas que só ele deve saber, para obedecer ao comando do inelegível”, escreveu a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, em seu perfil no X (antigo Twitter). “O ato de domingo não tem nada de defesa do estado democrático de direito. É mais uma ameaça de Bolsonaro às instituições e uma afronta à Justiça, a quem ele está prestes a ter de prestar contas”, completou.

O último discurso do dia caberá ao ex-presidente, que vê o cerco se fechar contra ele e militares do seu círculo de amizades depois de diligências da Polícia Federal indicarem sua participação na trama golpista. Bolsonaro falará sobre seu governo, baterá na tecla de que sofre “implacável perseguição” do Judiciário e, de acordo com interlocutores, traçará um futuro sombrio para o País sob o comando de Lula.

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