Durante sessão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, a deputada Lia Nogueira (PSDB) protocolou um requerimento dirigido ao governador Eduardo Riedel (PSDB) e ao prefeito de Dourados, Marçal Filho (PSDB), solicitando cooperação formal para a realização da Conferência Regional de Políticas Públicas para Mulheres em Dourados. O pedido atende ao ofício encaminhado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, que manifesta preocupação com a negativa inicial do prefeito em acolher o evento na segunda maior cidade do Estado.
“Dourados não pode se ausentar de um debate tão necessário. Estamos falando da vida de mulheres que enfrentam a violência todos os dias, dentro e fora de casa”, afirmou a deputada. A proposta surge em um contexto de extrema urgência. Mato Grosso do Sul permanece entre os Estados com as maiores taxas de feminicídio do País. Em 2025, ao menos 15 mulheres foram assassinadas por motivos de gênero até junho, conforme dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e 32 casos de tentativa de feminicídio. Mais de 10 mil ocorrências de violência doméstica foram registradas apenas nos primeiros cinco meses do ano.
Em Dourados, a situação é igualmente alarmante, a Delegacia da Mulher já contabilizou uma morte, mais de 800 casos de violência doméstica no primeiro semestre, incluindo quatro tentativas de feminicídio. A realização da conferência é vista como uma resposta institucional e social necessária. O evento pretende fortalecer o diálogo entre as diversas esferas do poder público, movimentos sociais e entidades da sociedade civil organizada, além de fomentar políticas públicas eficazes, específicas para a realidade local. A proposta inclui o fortalecimento das redes de apoio às vítimas, a valorização das lideranças femininas regionais e a criação de mecanismos mais ágeis e coordenados de enfrentamento à violência.
Lia Nogueira alertou que a recusa do município em sediar a conferência representa um retrocesso grave. “Negar a realização da conferência é perder a oportunidade de salvar vidas, de ouvir as mulheres e de agir com responsabilidade”, afirmou a parlamentar que agora aguarda resposta formal tanto do Governo do Estado quanto da Prefeitura de Dourados. A expectativa é de que, com articulação e sensibilidade política, o evento seja confirmado ainda para o segundo semestre de 2025. “Enquanto houver uma mulher vítima de violência, não vamos nos calar”, reforçou Lia Nogueira.