Amor e paixão são tema do II Simpósio Internacional de Neurociência

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A abertura do evento, com a palestra da professora Elizabete Castelon Konkiewitz, da UFGD. Foto: Divulgação/UFGD
A abertura do evento, com a palestra da professora Elizabete Castelon Konkiewitz, da UFGD. Foto: Divulgação/UFGD

A paixão e o amor são retratados na música, na poesia e nas demais artes como sentimentos que enobrecem a vida humana. Mas, do ponto de vista neurobiológico, paixão e amor podem ser comparados com vício ou ainda com transtorno obsessivo compulsivo. Sobre esse e outros assuntos correlatos, a professora Elizabete Castelon Konkiewitz palestrou na abertura do II Simpósio Internacional de Neurociência da Grande Dourados.

Para falar sobre a “Neurobiologia do amor”, a professora do curso de Medicina da UFGD traçou paralelos sobre as reflexões de três obras produzidas entre 1840 e 1860 e que apontam para aspectos do amor e da paixão.

Mesmo antes de haver o conceito de genética e hereditariedade, Charles Darwin desenvolveu a Teoria da Evolução das Espécies – que dialoga com a necessidade do ser humano em reproduzir-se e selecionar um(a) companheiro(a) para deixar uma melhor herança genética para sua descendência.

Em linhas gerais, Arthur Schopenhauer, em “Metafísica da Paixão”, defende a ideia de que o amor é uma manifestação impulsionada pelo instinto reprodutivo. Para o filósofo, a sociedade pensa o amor como uma busca individual por felicidade, mas sua observação o levou a crer que o amor é uma forma como o intelecto humano “compensa” ou manifesta a necessidade de encontrar um parceiro sexual.

Ao longo da palestra, a professora ainda analisou a obra literária “O Morro dos Ventos Uivantes”, de Wuthering Heights, pseudônimo de Emily Bronte. Para Elizabete, o romance lançou um questionamento às convenções da sociedade vitoriana. Emily Bronte coloca o amor como um imperativo urgente e pungente da natureza – e o desfecho trágico da obra aponta para a ideia de que quando a racionalidade trai a natureza selvagem do amor, há um preço a se pagar.

Essas três obras, de literatura, biologia e filosofia, apontam para a paixão como uma força instintiva, selvagem e natural. Na explanação da médica psiquiatra e neurocientista, a ciência vem convergindo com algumas dessas análises sobre o amor sensual. A neurobiologia lança novas luzes sobre o tema, através de estudos sobre a química do cérebro – utilizando animais em laboratório – e com pesquisas em neuroimagem – que mostram quais áreas do cérebro são estimuladas pelos sentimentos amorosos.

“Quando o ser humano vê algo que desperta seu interesse, ativamos no cérebro um sistema de recompensa – liberamos dopamina ao pensar que podemos obter aquele objeto de desejo, aquilo que estamos julgando como belo e atraente. A mesma reação cerebral acontece quando nos atraímos por uma pessoa”, explica ela. Segundo a médica, o cérebro da pessoa apaixonada funciona como o cérebro de uma pessoa que tem algum vício e tem semelhanças com aspectos do transtorno obsessivo compulsivo.

Elizabete destaca que as pesquisas neurobiológicas a respeito do amor ainda estão se iniciando e que há muito a avançar. De qualquer forma, mesmo que se atinja uma explicação racional sobre como e porquê o cérebro humano se apaixona, a verdade é que o amor continua sendo uma força que foge ao controle da razão.

Temas interessantes

O II Simpósio Internacional de Neurociência terá palestras interessantes, não somente para profissionais da área da saúde. Ao longo da programação, haverá palestras e oficinas voltadas para educadores, sobre como estimular o cérebro da criança para aprimorar o processo de aprendizado, entre outros temas ligados ao ensino. Estão acontecendo, também, workshops e palestras com o tema de meditação para o bem-estar fisiológico e mental.

Para os profissionais da área da saúde serão oferecidos minicursos e palestras sobre diagnóstico, tratamento e novidades no atendimento a casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC). A programação ainda conta com minicursos sobre condutas em neurotrauma, neuroimagem e neurobiologia.

O II Simpósio Internacional de Neurociência da Grande Dourados acontece até amanhã (27) no auditório central da Unidade 2 da UFGD e em salas da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS).

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